terça-feira, 29 de abril de 2008

Os Versos Que Te Fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
Florbela Espanca

domingo, 27 de abril de 2008


O grande mistério do conhecimento surge nos momentos de crise! Nestas os homens voltam a si na tentativa de superá-la, romper as barreiras, alcançar o novo...Ao dizer que nos encontramos pressupomos que antes estavamos perdidos e que para renascer é preciso se deixar morrer por inteiro!
Só assim, com esta mudança de atitude nos colocamos abertos para o conhecimento...
Precisamos ser como a Phoenix ela representa o sol...morrendo e nascendo todos os dias...precisamos assim como ela ...nos deixar queimar e renascer das nossas própria cinzas!

Abraços

Mai em 27/04/2008

Pentagrama 9 - xùn qián

Pentagrama 9

Sentença - "A Pequena Força Domadora traz sucesso. Densas nuvens e nenhuma chuva aproximam-se da nossa região oeste."
Comentário - "A suavidade (linha fraca) ocupa sua própria posição (quarta linha). As linhas que estão acima e abaixo correspondem a ela: a isto se chama A Pequena Força Domadora. A força (linhas fortes) encontra-se nos lugares centrais (segunda e quinta linhas), e a vontade de seus sujeitos terá livre curso. Isso indica que haverá sucesso. 'Densas nuvens e nenhuma chuva' indica o movimento das linhas fortes prosseguindo. 'Da nossa região oeste' significa que a influência benéfica ainda não se manifestou."
Imagem - "O céu está abaixo e o vento sopra acima dele: a imagem da Pequena Força Domadora. Assim, o homem superior refina a forma exterior de seu caráter."
As Linhas
Nove embaixo: Retorno ao caminho. Como isto poderia ser um erro? Boa sorte. Voltamos ao nosso caminho, no qual continuamos livres para avançar ou retroceder. É bom e razoável não querer prosseguir com violência. Essa volta às próprias coisas traz boa sorte.
Nove na segunda: Impelidos ao retorno. Boa sorte. A intenção é de avançar. Porém, observamos em outras pessoas que essa atitude traz obstáculos. Então batemos em retirada. Isto é sensato, pois dessa maneira não nos perdemos.
Nove na terceira: Os raios da roda da carruagem se desprendem. Homem e mulher torcem os olhos um para o outro. Assim como um carro não pode andar quando os raios de suas rodas se desprendem, certas circunstâncias exteriores, na vida, impedem um avanço. O sujeito desta linha é como um marido que não pode manter relações corretas com sua mulher. Agiu com muita força, esperando uma fácil vitória, mas foi rechaçado e ficou em certa medida comprometido. No conflito que se dá, o forte perde sua dignidade e o fraco envolve-se em dificuldades. Uma situação assim não é favorável.
Seis na quarta: Sendo sincero, o perigo de derramamento de sangue é desviado. Devido á sinceridade, o sangue e atos terríveis são evitados e a apreensão é dispersada. Nenhum erro. A vontade dos nossos superiores é igual à nossa.
Nove na quinta: Com sinceridade no coração, enriquecemos nosso próximo. Ricos em sinceridade, atraímos outros a se unirem conosco. Alegria compartilhada é alegria em dobro. É próprio do ente fraco ser fiel, e do forte ser de confiança: essa complementação mútua traz verdadeira riqueza.
Nove em cima: A chuva vem e junto com ela o descanso. A virtude do caráter continua a aumentar. Perigo para a mulher que se agarra no êxito. Se o nobre avança na Lua quase cheia, atrairá desgraça. No momento do êxito, manter-se aferrado a ele é perigoso. A vitória foi conseguida peça por peça. Chegou a hora de descansar. A Lua quase cheia representa o máximo de força escura. Seguir avançando antes do tempo traz desgraça. "

sábado, 26 de abril de 2008

Palavras...

Hoje é meu primeiro dia renascida...uma das minhas passagens foram feitas e curti cada momento, aprendi e apreendi, sinto-me mais segura e mais confiante mas também mais triste!
Compreendo agora a misologia...este ódio a razão tão bem proferido por Kant!
Percebi tão bem hoje como as ilusões nos tornam muito mais felizes...as fantasias...quanto prazer e alegrias nos proporcionam! Mas será apenas isso a felicidade?! Será ela apenas fruto de fantasias?!...Não há na realidade espaço para um sentimento tão sublime como a felicidade e ainda que prazer que dela advém?! Prefiro acreditar que sim...aqui só cabem crenças...
Ainda assim...mesmo transbordando tristezas opto pela realidade...e fiz um pacto comigo! Quero a realidade nua e crua, e assim serei, irei retirar minha máscara para o mundo, e buscar a face real dos outros!Adoro escrever...verdades e mentiras... as palavras são um caminho para expressarmos qualquer coisa...fatos reais ou ideais... o que sentimos, o que não sentimos ou o que simplesmente gostaríamos de sentir mas sem sentir, sendo assim elas são verdadeiras e falsas...válidas ou inválidas...como a lógica! Válidas e inválidas se possuem sentidos e são compreendidas apenas em seus conceitos sem nenhuma correlação com o mundo. Verdadeiras e falsas se com o mundo se relacionam...dizendo algo deste a quem se liga por conceitos! Sendo assim percebemos que as palavras possuem ou não um certo isomorfismo com o mundo... causam enganos e desenganos!Tudo pode ser pensado mas muito não é concebido...pois é ilógico! Quando saber quais palavras expressam a realidade?! Como distinguí-las?!Dependeria desta compreensão a constatação da existência da felicidade na realidade?!Muitas palavras são ditas outras escritas...quais delas são reais?! Todas as palavras são reais, possuem conceitos próprios e por estes podem ser comunicadas....daí deduzimos compreender e nos relacionar comunicavelmente com os outros! Elas, não revelam apenas os conceitos como muitos acreditam... elas revelam um momento...um estado de espírito...revelam vontades, sonhos, desilusões, desespero, ódio, amor, felicidade, tristeza, confiança, dúvida, carinho, enfim...são infinitos os sentimentos que as acompanham!Elas na maioria das vezes vem acompanhada da alma que comunica ...outras vezes são só palavras...vazias de sentido...mas como sabê-las?! Como compreendê-las...As palavras podem ou não ser reais e esta realidade só é concebida quando houver alguma correlações destas com os fatos que são reais! Correlações com fatos verdadeiros, que se dão no mundo ou nos indivíduos...está aí o isomorfismo que falei! Wittgenstein descreve tão bem este em seu Tractatus!
Sinto-me triste pelas causas das minhas palavras...não foram poucas...uma série de acontecimentos foram causados por estas...pela realidade que atribuiram as palavras falsas...pelas ilusões que originaram as palavras verdadeiras!
Fui sincera a mim e acabei por esquecer que minhas palavras são comunicadas e que elas teriam conseqüencias! Algumas foram destinadas mas outras não!Algumas eram apenas pensamentos!Minha superação compreende as palavras...compreende a comunicação entre pessoas...compreende realidade e ilusão! Me compreende e compreende os outros!Não me julguem pelas palavras...busquem sua realidade ou sua ilusão...percebendo o abismo que há entre as palavras falsas e as verdadeiras!Hoje superada opto pela tristeza da realidade à felicidade da ilusão!
Sei que quando as emoções forem serei feliz pelo simples fato de que não me enganei!E minha felicidade surgirá real...surgirá do meu pensamento e não será efémera como a felicidade de tantos e tantos outros no mundo!
Obrigada a todos...
a quem minhas palavras revelaram...a quem minhas palavras velaram...a quem minhas palavras iludiram...a quem minhas palavras tornaram-me real!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Incrível!!!

Terminei de escrever e fui ler meu horóscopo diário...podem rir...mas há um que sempre leio...
Sempre suas previsões são fiés aos momentos diários...não costumo subjulgar nenhuma ação minha às previsões apenas consulto para saber se desta vez ele vai falhar e em muito tempo estas previsões não tem falhado...
Como disse, depois da minha postagem abaixo, fui ler o que os astros previam para mim no dia de hoje e lá estava...

"Com a Lua hoje em Capricórnio e seus aspectos planetários, o dia está mais intenso para você e lhe permite mergulhar nas suas fantasias. Descubra o que pode ser construído, que acabe sendo um alicerce forte para você acreditar em si mesmo." por Ana Cristina Abbade

Buscar nas fantasias o real...acreditar em mim pressupõe um anterior conhecimento de mim...uma passagem!!! Um desvelamento meu que me levará a me comprender neste mundo das ilusões!!!!Amei... Que venha este dia...e seja muito bem-vindo!!!
Abraços
Maira Motta

A superação de si mesma!


Bom dia Sol! Bom dia Dia!
Hoje acordei feliz...algo está no ar!Não saberia dizer o que me faz feliz hoje...apenas sinto!
Sinto que algo está para acontecer...algo importante!
Este é um dia especial, como muitos outros, mas que ele será cenário de algo novo, pois estou mudando, estou fazendo uma passagem...algum rito que precisava ser ultrapassado está aí....
Assim são os heróis...precisamos fazer nossas passagens...e sinto minha razão se desenvolvendo...sinto que ela vem acompanhada da felicidade...não uma felicidade desta compreendida como um momento ordinário, efêmero, passageiro...mas uma felicidade que traz consigo algo de divino ...de incompreendido...algo infinito...uma felicidade transcendental...que revela uma comunhão de mim comigo mesma, uma superação interior...que revela uma outra etapa...uma nova fase...e eu estou mudando...estou me preparando...estou pronta para superar a mim mesma! Não entendo como as pessoas tem medo das mudanças...nada há de tão sublime... nestes momentos é que sentimos a presença dos deuses em nossas vidas...que nos enfrentamos...que nos olhamos e transcendemos...sim...rompemos com paradigmas...sublimamos nossos seres...e atingimos uma compreensão real!
Conseguimos neste momento apreender o real, sem ilusões...e apreender também a nós próprios sem auto-enganos...as pessoas são estranhas a sí e não se apercebem que assim são!
Compreendam-se... apercebam-se ...desvelem-se para sí e para o mundo! Já sabemos que a junção das partes é maior que o todo!
Como uma boa kantiana, consigo até compreender o Nietzsche...A vontade de potencia está aí...o eterno retorno...os ritos se dão em um eterno movimento de ir e vir...o fim une-se ao inicio...é a cobra engolindo o próprio rabo formando assim o círculo...o ciclo!Compreendam a passagem...a escada que leva o dionisíaco ao apolíneo, a condição humana erguida ao divino! O pathos é o grande responsávél... e este se revela no sagrado que há no mundo!!!Que divino este encontro de deuses!!!Compreendam o sentido de mundo...vês como Zaratrusta percebe o animal mais rasteiro e o que voa mais alto em comunhão?!E eles estão voando....A águia voa com a serpente fazendo circulos em volta dela...é esta a analogia da compreensão de mundo e de sentido!
Mais divino ainda torna-se quando se passa conosco e somos capazes de perceber este encontro...já não poderemos ser os mesmos...é o verdadeiro sentido da vida se desvelando! Nossas vontades e nossa razão em comunhão!Como a tagédia é reveladora....e esta nada mais é que este mundo...o mundo que há em nós e que intuimos! Pensem em Édipo...olha o que está dentro ...não cegues teu espirito e vejas apenas com teus olhos físicos...Cegas os olhos físicos e vê o que há dentro...Há tempo para morrer!E cada um deve se deixar morrer no seu tempo certo para que assim possa renascer, este é o eterno retorno... esta é a superação...esta é a vontade de poder! É deixar morrer para viver!

Sucesso a todos!
Olhem como o dia está lindo...hoje a um encontro entre os deuses!!!

Abraços,

Maíra Motta

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Borboletas

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.
Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você. O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
Mário Quintana
Nunca diga "te amo" se não te interessa. Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem. Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração. Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti. A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.
Mário Quintana

Reverência ao destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que se expresse sua opinião...
Difícil é expressar por gestos e atitudes, o que realmente queremos dizer.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias...

Difícil é encontrar e refletir sobre os seus próprios erros.
Fácil é fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir...

Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer a verdade quando for preciso.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre a mesma...

Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado...

Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece.
Fácil é viver sem ter que se preocupar com o amanhã...

Difícil é questionar e tentar melhorar suas atitudes impulsivas e as vezes impetuosas, a cada dia que passa.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar...

Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar...

Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Fácil é ditar regras e,

Difícil é segui-las...

Carlos Drummond de Andrade
"Para quem tem medo, tudo são ruídos."
Sófocles

O espetáculo

Não me compreendestes sequer um pouco!
Julga-me sem ter me apreendido,
minhas vontades foram tão sinceras...
e minha saudades ainda mais!
Não compreendestes sequer um pouco!
Como permitir minha razão se perder?!
Apeguei-me ao passado!
Busquei minha razão fugindo dos sentidos!
Fugindo do que estava a flor da pele!
Fugindo do que a mim revelava-se
inatingível...
Precisei recuar,
tenta compreender-me agora...
A cortina precisava abrir-se
para o espetáculo começar!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Da precipitação ao precipício...

Um feixe de luz invade a tela,
Imagens e palavras prismadas,
corroem o que a esperança cultivava!
E a precipitação...
Estilhaça uma vontade inerte,
ignora a intensidade do sublime,
Quão sublime são as palavras!
Quão ainda os gestos!
Enquanto as palavras velam...
os gestos revelam...
E a esperança cultivada
baila sobre um precipício de ilusões,
Sem saber que neste já caiu
e o que te resta agora
é apenas tua imaginação!
Que insiste em bailar
sobre as pedras da ilusão!
Deixando a intensidade do sublime
para os sonhos que não mais acordarão!

Histórias de família!

Henriqueta Prates


ACADEMIA DO PAPO Por Paulo Pires(*)Postado em 06.09.2007 : 21:20
Anteontem, 04 de setembro de 2007, fez 50 anos que morreu dona Henriqueta Prates. Se fôssemos um País dado a preservação da memória, certamente teríamos realizado pelo menos um evento para homenagear a esta, que foi sem dúvida, uma das personalidades mais significativas de Vitória da Conquista. Aos 04 de setembro de 1957, falecia dona Henriqueta. Na década de 1980 a cidade prestou-lhe uma homenagem colocando em um dos bairros o seu nome. Mas, pelo que ela fez, deveria ser lembrada em outras oportunidades e por muitos motivos. Dentre esses, vale assinalar, a sua personalidade exuberante e um enorme espírito de solidariedade. No final do século XIX, em meio a uma seca daquelas de fazer o caburé esquecer o piado, dona Henriqueta por iniciativa própria e movida por uma sensibilidade excepcional antecipou-se à modernidade do final do século XX e criou uma espécie de ONG (Organização Não Governamental) ou uma OCIP (Organização Civil de Interesse Público), como queiram, e transformando a sua residência em um centro de atendimento para os mais necessitados da região. Foi uma luta tremenda para ajudar a tantos, mas ela, conforme diz o nosso hino, não “fugiu à luta”. Dona Henriqueta enviuvou em 1897 aos 34 anos de idade. Mãe de 07 filhos, não perdeu o rumo da sua estrada. Ao contrário, soube “romper” e construir o seu destino com uma maestria, digna de louvores. Além de excelente administradora do lar, possuía capacidade de gerenciamento invejável no mundo dos negócios. Dos seus 07 filhos, a caçula Maria Vitória tive a honra de conhecer pessoalmente e com ela partilhar momentos saudáveis. Dona Tazinha, como era conhecida Maria Vitória dos Santos Silva, era uma pessoa especial. Estudiosos de hoje investigam se os nomes das pessoas as ajudarão ou não durante suas trajetórias aqui na terra. No caso de Maria Vitória, creio, o nome lhe foi benéfico. De Maria ela recolheu a bondade, a discrição e a pureza; de Vitória a energia e a sabedoria para ter inúmeras conquistas no plano espiritual. Tudo isso, penso, herdado de dona Henriqueta. Esta logo cedo aprendera com os pais as boas regras para se viver em sociedade. Conforme os historiadores Ruy Medeiros, Ana Palmira Bittencourt dos Santos Casimiro e Heleusa Figueira Câmara (História e Cotidiano do Planalto de Conquista), ao mudar-se da Fazenda para o centro de Conquista dona Henriqueta recebeu a seguinte orientação do pai, José Sátiro: “aos vizinhos devia-se servir, receber e tratar com cordialidade e solidariedade, mas nunca deixar invadirem a sua privacidade”. Conclui-se daí que o pai de dona Henriqueta era homem inteligente, prudente e previdente. Durante décadas e mais décadas, a casa de Henriqueta Prates abrigou grandes decisões para a vida de nossa Cidade. Conquista, apesar de contar em sua jurisdição com distritos como Belo Campo, Anagé, Barra do Choça, Cândido Sales e outros, era uma cidade bem piquititinha. Em outras palavras, não tínhamos nada. A comunicação com outros municípios cingia-se a estradas coloniais e a picadas feitas pelos índios, conforme nos informa o historiador Zai Orrico em sua obra Mulheres que Fizeram História em Conquista. Na casa de Henriqueta, homens como Zeferino Correia, Maximiliano Fernandes, Cassiano Santos, tomaram a iniciativa de construir uma estrada carroçável que nos permitiria chegar até Jequié. Implantamos os serviços de Correios e Telégrafos, construímos nosso primeiro campo de aviação que até hoje - a não ser o asfalto – pouca melhoria teve. As festas na casa de Dona Henriqueta eram sensacionais. Se você descer hoje pela Praça Tancredo Neves e olhar para o Museu Regional da UESB, leve o seu pensamento para 60, 70, 80 anos atrás e pense aquela frente de casa com fogueira enorme (nas festas de São João) ou em outras festas, as janelas abertas, dezenas de pessoas de nossa sociedade, todo mundo bem vestido e se divertindo frente a iguarias, acepipes, licores e vermutes, feitos e consumidos com elegância e bom gosto. Era assim aquele espaço. Um dos convivas mais presentes era Doutor Régis Pacheco (casado com Enerina, uma das sobrinhas da dona da casa). Doutor Régis era um homem extremamente cordial e festeiro. Sabia adicionar à sua personalidade forte um encantamento natural (sex appeal) que dava a ele um destaque todo especial. O mulherio ficava encantado com o médico Régis e, cá prá nós, não era para menos. Não foi à toa que ele encantou a uma boa parte dos baianos e se elegeu governador do Estado. Para encerrar, não posso omitir outro grande legado de dona Henriqueta: a qualidade dos descendentes que ela deixou para o nosso município, para a nossa comunidade. Os seus herdeiros são pessoas extremamente cordiais, simpaticíssimas, diplomáticas. Peço licença aos demais, mas quero me referir especialmente a três que conheço mais de perto: Aydil Santos Silva, Iany Santos Silva (viúva do grande fazendeiro Geremias Gusmão) e Humberto dos Santos Flores. Este último é um influente observador de nossa vida cultural, conhecedor como poucos do nosso repertório político e analista acurado de nossas vicissitudes sociais. As histórias de Humberto são verdadeiras pérolas e nos ajudam a entender um pouco o espírito do homem conquistense. A sua forma de contar essas histórias obedece a um estilo clássico e nos faz lembrar os grandes rapsodos do tempo de Homero. Aliás, não é só Humberto. Os três primos citados possuem o mesmo estilo, a mesma fidalguia. Eles são netos de dona Henriqueta Prates e isso diz tudo. Um abraço cordial e até a próxima. Paulo Pires.(*) Professor UESB-FAINOR

terça-feira, 22 de abril de 2008

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Clarice Lispector

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Perdoa-me hoje!


É preciso compreender...
Perceber que as palavras ditas
nem sempre são as que queremos dizer.
Que escondemos de nós mesmos
nossas vontades sem perceber
e que nós com este ato
não as extingüimos das nossas almas.
As nossas vontades...
Elas estão ali escondidas
bem ali no fundo...
e qualquer minuto podem romper
tornando nossas vidas ainda
mais complicadas...
ou descomplicadas quem sabe?!
Já não depende só de um...
as palavras já foram ditas...
Quisera eu resgatá-las...
Quanto mal causei?!
Iria resgatá-las e
trancafiá-la onde já não tivesses acesso.
Perdo-a me hoje.
Sei que é a ti que busco em qualquer outro,
busquei borboletas no mar...
estrelas nos rios...
Não percebi que as borboletas
estavam a dançar em volta das flores,
nem que para enxergar as estrelas
bastava-me mirar aos céus em dias estios!
Se hoje não as encontrar...
saberei o quão más podem ser as palavras,
o quanto elas podem iludir!
Perdoa-me hoje
Sei o quanto distante estas...
Só queria poder te abraçar,
deitar em teu colo e ouvir
novamente tua voz a chamar-me
de minha menina...


Mai em 21/04/2008

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,como um cego.
Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,a sangue e fogo.

Pablo Neruda

Gente - Raul Seixas

Gente é tão louca

E no entanto tem sempre razão.

Quando consegue um dedo

Já não serve mais, quer a mão.

E o problema é tão fácil de perceber.

É que gente...

Gente nasceu pra querer.

Gente tá sempre querendo

Chegar lá no alto

Pra no fim descobrir...

Já cansado que tudo é tão chato.

Mas o engano é bem fácil de se entender!

É que gente...

Gente nasceu pra querer!

Em casa, na rua, na praia, na escola ou no bar... ah!

Gente fingindo, escondendo seu medo de amar...oh!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Ahhhh....
Como é traiçoeira a teoria!
Me dividiu em corpo e alma...
Fez de mim um ser bivalente
insistindo em condenar
o que meu corpo não pode evitar...
Como é cruel a teoria!
Sabendo que há a prática...
lembra-me as coisas da alma
insistindo-me em ficar
e largar meus desejos pra lá...
Como é cega a teoria!
ignorando a vontade
insistindo em não deixá-la ficar.
Desafiando a prática.
Medindo forças com o real!
Mal sabe ela ...
Que é filha dos sentidos!
Que sem a materia,
teoria nenhuma há de vingar!

Mai em 15/04/2008
Inexoravelmente sigo o mundo!
Tento esgotá-lo
mas sempre há mais
mais em mim,
mais no mundo,
nunca me contento,
sempre há o novo!
Sempre após um objetivo
surge outro
e mais outro,
Por que parar?!
Sempre há o novo!
Nos renovamos a cada ato!
Já dizia o sábio...
Não nos banhamos duas vezes
no mesmo rio...
Já não somos os mesmos...
As aguas já passaram...
Inexoravelmente sou no mundo!
Já não tento esgotá-lo
deixo ao devir
o poder de ir e vir!

Mai em 15/04/2008
Se sigo caminhos,
que não sei onde me levam.
Não me faço de rogada,
Sei que em algum lugar chegarei.
apenas onde meus pés me levarem!
Não preciso saber onde é...
Se encontrarei neste caminho
alegrias e tristezas?
Não me deixo preocupar.
Lagrimas e risos
estes apenas estarão em minha face!
O que vale no caminho
não é onde se chega
mas o próprio caminho,
por onde passou,
o que viu e viveu.
Os momentos,
as curvas,
os buracos,
as paisagens,
as pedras ao meio,
os andantes.
São nestes que nos encontramos!
São estes que nos fazem humanos!
São estes que nos fazem seguir rumo!
Nem que este rumo seja oposto...
ele será seu caminho!

Mai em 15/04/2008

domingo, 13 de abril de 2008

Tudo é um!


Tenho em mim duas faces!
Uma é razão a outra sentimento!
Uma quer passear a outra ficar em casa!
Uma quer dançar a outra descansar!
Uma quer ouvir Rock a outra Bach!
Uma prefere Coca-cola a outra tequila!
Uma odeia pagode a outra faz que nem ouve!
Uma curte a noite a outra prefere dormir!
Uma é coruja a outra cotovia!
Uma lê Kant a outra Contos eróticos!
Uma quer fazer amor a outra apenas transar!
Uma quer se deitar a outra se masturbar!
Uma chora a outra ri!
Uma fala a outra cala!
Uma ouve a outra é surda!
Uma tem a cara lavada a outra anda maquiada!
Uma é bem traquina a outra comportada!
Uma adora a natureza a outra não vive longe da cidade!
Uma vive de sonhos a outra da realidade!
Uma se perde no mundo a outra se encontra!
Uma é doce a outra salgada!
Uma prefere rio a outra mar!
Uma gosta de uvas a outra de maracujá!
Uma é tão timida a outra tão sem limites!
Uma pede o beijo a outra o nega!
Uma quer colo a outra ninar!
Mas... Gêmeos é assim!
Sou e não sou!
É e não é!
Tudo é um...Já dizia Heráclito!
E nessa guerra constante...
apenas sei que ao fim...
sou eu que sempre venço!

Mai em 12/04/2008



Nós ou eles?!

Se quando eu chegar,
a vontade apertar,
e a situação não permitir!?
Nós ou eles?!
Buscando um ao outro,
há pessoas ao meio,
Que haveremos nós de fazer?!
Pensar em nós?!
Esquecer que há um mundo fora?!
Se entregar às vontades?!
Perder a razão?!
E os outros?!
Estaremos nós preparados?!
Ouviremos nós ou os outros?!
É preciso decidir...
Difícil pra mim...
Decidir a tempo,
Porque o tempo corre...
corre tão rápido...
Que sempre acabo por
me perder no caminho!
Mai em 12/04/2008

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Cuidado!


De súbito uma vontade
uma mensagem,
Queria apenas entender o
que procuras...
Se já me sabes...
Cuidado!
Quem procura acha
nem que seja uma estrada
para seguir rumo!
E se te escondes em
paredes frias...
Aqueço-me em pensamentos
e me encontro...
onde já não podes me alcançar!
Se já me sabes...
Cuidado!
Nunca andastes até a montanha,
não conhecestes a cachoeira,
tampouco a água a esparramar...
Cuidado!
Nunca compreendestes minha linguagem,
não lestes pelas entrelinhas,
tampouco compartilhastes meu maior gozo!
Cuidado...
Nunca vistes uma linha que seja reta
Não encontrastes circulos perfeitos,
tampouco tentes apreender-me!

Mai em 11/04/2008


Que mundo grosso...


Que mundo grosso, gente avara,
– E mais e mais sem mais sabor!
Diz de você... o quê, amor?
Que não tem vergonha na cara.
Mundinho avaro, mundo cego,
Sempre disposto a julgar mal.
Seu beijo doce é meu apego,
Sem falar na ardência final.
Heine

"A vontade de poder"


Obedecer aos próprios sentimentos? Arriscar a vida ao ceder a um sentimento generoso ou a um impulso de momento... Isso não caracteriza um homem: todos são capazes de fazê-lo; neste ponto, um criminoso, um bandido, um corso certamente superam um homem honesto. O grau de superioridade é vencer em si esse elã e realizar o acto heróico, não por um impulso, mas friamente, razoavelmente, sem a expansão de prazer que o acompanha. Outro tanto acontece com a piedade: ela há-de ser habitualmente filtrada pela razão; caso contrário, é tão perigosa como qualquer outra emoção. A docilidade cega perante uma emoção - tanto importa que seja generosa ou piedosa como odienta - é causa dos piores males. A grandeza de carácter não consiste em não experimentar emoções; pelo contrário, estas são de ter no mais alto grau; a questão é controlá-las e, ainda assim, havendo prazer em modelá-las, em função de algo mais. Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'

terça-feira, 8 de abril de 2008

Percepção


Menino e Menina tela de Walfran Guedes


Percepção
Sem perceber,
nos deixamos levar,
um e outro,
por curtas viagens evidentes.
Sem perceber,
seguimos rumos opostos,
perdemos o espaço,
por um descontínuo tempo.
Tornamos a evidencia objetiva,
subjetivamos vontades,
buscando o absoluto no imanente
derivando hipóteses!
Reduzimos ao vulgar o extraordinário,
guiados por um ethos multifacetado,
num composto de ilusão e sentido,
Sempre derivando hipóteses!
E por fim,
numa causalidade transcendental,
Percebemos que...
Teses e antíteses só nos levaram às sínteses!
Uma tríade traiçoeira!
Onde a razão se encontra,
Onde já se torna uma impossibilidade...
continuarmos nos escondendo dela!
Mai em 08/04/2008

A Faculdade de Filosofia e Ciencias Humanas


Professores, amigos, natureza, conhecimento e uma energia singular....este lugar é um caldeirão!!!Passei aqui anos de minha vida...anos inesquecíveis...singulares...regresso hoje...e a felicidade é tanta....encontrar tantas pessoas especiais...encontrar tanto conhecimento...e a natureza!Como pude ficar tanto tempo longe....é minha segunda casa, tenho verdadeira paixão por este lugar, conheci amigos incriveis...namorei, brinquei, dancei, aprendi e apreeendi o mundo!Seus bares, suas arvores, sua posição geografica que nos oferece um lindo retrato do encontro com sol e mar....lá do alto! Ahh... a tão cara filosofia...conhecimentos tão peculiares e tão universais!!! Meus mestres maravilhosos! Hoje senti que não posso me afastar deste templo...percebi como completa a minha vida e como será sempre um pedacinho de mim....nele me sinto viva...me sinto em contato com a filosofia, com o pensamento, com este que se ausenta cada dia mais na vida vulgar! São Lázaro é algo assim indescritível....tem uma magia que contagia e nos faz felizes...são verdadeiras lentes para este mundo incompreendido!
Abraços

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Industria Cultural


O poder magnético que sobre os homens exercem as ideologias, embora já se lhes tenham tornado decrépitas, explica-se, para lá da psicologia, pelo derrube objectivamente determinado da evidência lógica como tal. Chegou-se ao ponto em que a mentira soa como verdade, e a verdade como mentira. Cada expressão, cada notícia e cada pensamento estão preformados pelos centros da indústria cultural. O que não traz o vestígio familiar de tal preformação é, de antemão, indigno de crédito, e tanto mais quanto as instituições da opinião pública acompanham o que delas sai com mil dados factuais e com todas as provas de que a manipulação total pode dispor. A verdade que intenta opor-se não tem apenas o carácter de inverosímil, mas é, além disso, demasiado pobre para entrar em concorrência com o altamente concentrado aparelho da difusão.

Theodore Adorno, in "Minima Moralia"

Lógica, ontologia e "virada" na fenomenologia de Husserl

Hoje inicei um Curso de Extensão no mestrado em filosofia, sobre o pensamento de Husserl...LÓGICA, ONTOLOGIA E "VIRADA" NA FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
ministrado por NELCI NASCIMENTO GONÇALVES (doutora em Filosofia pela Universita degli Studi di Torino, professora da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Atua na área de Filosofia Contemporânea, com ênfase em fenomenologia, lógica, ontologia e hermenêutica).
Neste primeiro esboço pareceu-me interessante a proposta deste pensador, pensei que a proposta de uma lógica existencial se iniciava com este, mas me parece que a lógica transcendental ainda se encontra ai muito enraizada! A filosofia crítica de Kant e sua lógica transcendental é o momento de uma virada, refletir como conhecemos as coisas e nos certificarmos quanto as propriedades do nosso conhecimento.Me parece, observando superficialmente que Husserl pretende defender a filosofia quanto seu papel de tutora de uma lógica " à logica formal cabe à filosofia investigar" defendendo-a assim de um psicologismo que surgiu no momento pós-kantiano! A lógica não pertence a mente e não se tornou objeto da psicologia! Ela vai além...A psicologia é uma ciencia empirica! Não é capaz de conceber esta UNIVERSALIDADE e GENERALIDADE tão peculiar à logica formal!Este foi só o primeiro encontro...depois volto para comentar mais....terei ainda uma semana de curso pela frente!!! Estou adorando!!!
Abraços

domingo, 6 de abril de 2008

Mulher Louca


Que fantástica esta obra de Eugéne Delacroix!
Ainda não havia sentido a pronfundidade que reflete o
olhar desta mulher! Louca?! Será?! Sentirei mais um
pouco e retorno a discorrer sobre ela!
Abraço,
Maira Motta

Os críticos

Tela de Van Gogh, "O escolar" (O filho do carteiro), 1888.


- Sabe quais são os melhores críticos?
- ?
- São as crianças.
- Sim, também acredito nisso!
- Elas não tem receio de falar.
- Só sentem ...não categorizam tanto!
- Não tem estigmas criados, sim, ou gostam
ou não gostam!

Um dia de Domingo!

Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Prá sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento...
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia...
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo...
Já não dá mais prá viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...
Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar
A voz do coração...

Quero

Quero ver o sol atrás do muro
Quero um refúgio que seja seguro
Uma nuvem branca sem pó, nem fumaça
Quero um mundo feito sem porta ou vidraça
Quero uma estrada que leve à verdade
Quero a floresta em lugar da cidade
Uma estrela pura de ar respirável
Quero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com você
Ganhar o espaço em bolhas de sabão
Escorregar pelas cachoeiras
Pintar o mundo de arco-íris
Quero rodar nas asas do girassol
Fazer cristais com gotas de orvalho
Cobrir de flores campos de aço
Beijar de leve a face da lua

sábado, 5 de abril de 2008

Despertei agora de um sonho...
E...Assim como na vida....
nos meus sonhos fomos interrompidos!
Acontece!
Tornando os desejos mais contidos...
tornando maiores a vontades ...
mais irrealizáveis...
Cuidado...
um dia....
se realizando...
Tudo explode!!!
Eu tenho minha razão...
Você já não se pode perder no caminho...
E assim, é improvável se transformar em um sonho maior....
Conheces a realidade tão bem como eu...
ou pode me levar a simplesmente não mais sonhar....
Recordar o beijo, o toque, a cena, a interrupção...
é realidade hoje,
mas e amanhã?!
Que podemos nós dizer do amanhã?!
Só que a explosão é certa...
mas e depois?!
Que restará depois desta?!
Restará algo?!
Mai em 05/04/2008

sexta-feira, 4 de abril de 2008




Tela de Fernando Queiroz
Noites Passadas.

Viola Enluarada
A mão que toca um violão se for preciso faz a guerra
Mata o mundo, fere a terra
A voz que canta uma canção se for preciso canta um hino
Louva a morte viola em noite enluarada
No sertão é como espada esperança de vingança
O mesmo pé que dança um samba se preciso vai à luta capoeira
Quem tem de noite a companheira sabe que a paz é passageira
Pra defendê-la se levanta e grita eu vou
Mão, violão, canção, espada, e viola enluarada
Pelo campo e cidade porta bandeira, capoeira
Desfilando vem cantando liberdade, liberdade.
Almir Sater

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O nascimento de Athenas


Athenas - Deusa grega da sabedoria e Justiça!
Narra o mito que a Sabedoria e a Justiça, personificadas pela deusa grega Athena, é fruto de Métis (a astúcia, a inteligência) com o poderoso Zeus, ordenador do Cosmos.
Após ter sido proferido pelo oráculo que, se Zeus tivesse uma filha, ela se tornaria ainda mais poderosa que ele, Zeus tratou de engolir Métis para impedir o nascimento. Assim, Athena é gerada na cabeça do soberano do Olimpo (por isso, a deusa é associada ao lógos).
Findado o período de gestação, o supremo deus começou a sentir terríveis dores de cabeça, pois enquanto a Justiça não nasce, elas são inevitáveis.
Desesperado e no limite, Zeus ordena ao ferreiro divino Hefestos (Vulcano) que lhe abra a cabeça. Mesmo a contragosto, com técnica e precisão, desferra-lhe o machado de ouro certeiro e todos se surpreendem ao verem surgir, imponente e armada, pronta para a guerra, a deusa Palas Athena.
Palas significa "a donzela", pois a poderosa filha pede ao pai para manter-se sempre virgem e, desta forma, impor-se com a autoridade de quem não se deixa seduzir ou corromper.
Sua principal característica física é o porte altivo. Invocando a proteção de Athena sobre todo e qualquer embate, tem-se a vitória como certa, uma vez que Palas Athena é sempre acompanhada por Niké (a vitória).

Com a espada de ouro em punho ou lança resplandescente (numa imagem mais arcáica), que fora presente do deus da techné Hefestos, Athena já nasce fortemente armada, pronta para a guerra. Mas o combate da deusa grega é diferente da guerra do bélico deus Ares.
Na mitologia grega, Ares, é o cruel deus da guerra, da carnificina. Individualista, não titubeia em impor sua caprichosa vontade a quem quer que seja. Enaltecido pelos Romanos, impulsivo, Ares é um deus de caráter epimetéico: primeiro age, depois pensa.
Pensar é atividade da mente, do elemento Ar, este sim, distingüe os homens das bestas. Daí a prudente razoabilidade de Athena ser tão necessária à manutenção da ordem (Cosmos) e à evolução do espírito humano.
De gosto pelo desafio da conquista, Ares é acompanhado de Éris (a Discórdia), que com seu archote em chamas acende o furor no coração dos soldados e seus filhos, Deimos (terror) e Phóbos (medo), também servidores fiéis desse funesto deus.
O espetáculo hediondo da carnificina causa horror a deusa Athena. Os gregos sempre preferiram a sábia, justa guerreira Palas Athena, filha da razão do soberano do Olimpo. Athena é também patrona da guerra, mas trata-se do combate feito com inteligência e astúcia, motivado por um ideal honroso, guerra somente enquanto último recurso, quando torna-se insuficiente a lúcida resolução diplomática e pacífica de qualquer polêmica. Uma batalha também pode ser encarada como última e importante argumentação na defesa da justiça quando todas as outras falharam.
Sempre às turras com seu inimigo Ares, pois nem sempre encontram-se do mesmo lado na batalha, Palas (a donzela) será a única mulher a imiscuir-se aos homens, sendo sempre respeitada por eles. Antes do começo da batalha, eles sentem sua presença inspiradora e com isso anseiam mostrar seu heroísmo. “Sacudindo a terrível égide, a deusa brada e corre veloz entre as fileiras convocadas à batalha. Um momento atrás, esses homens haviam aplaudido com júbilo a idéia de voltar para sua pátria; agora a esquecem por completo: o espírito da deusa faz agitar todos os corações com ardor bélico”.
Renomados heróis como Tideu, Hércules, Ulisses e Aquiles dobram-se aos seus sábios conselhos.
Quanto ao herói Tideu, Athena foi sua fiel companheira de batalha, até quis torná-lo imortal. Aproximou-se do herói ferido de morte trazendo na mão a bebida da imortalidade. Mas ele estava a ponto de fender violentamente o crânio do adversário morto para sugar-lhe o cérebro. Horrorizada, a deusa retrocedeu e o protegido para quem ela cogitava o mais elevado destino mergulhou na morte comum, pois tinha desonrado a si mesmo.
“Athena seria mulher porque os orgulhosos heróis que se deixaram conduzir por ela não se submeteriam tão facilmente a um varão, mesmo que fosse um deus”.
Quando em fúria cega Aquiles está prestes a liquidar Agamêmnon, Athena toca seu ombro e o aconselha a dominar-se, contentando-se em ofender o Atrida somente com palavras. O herói prontamente guarda a espada já desembainhada.
Refletindo sobre a máxima de Heráclito: “A Guerra é Pai de todas as coisas”, é pela espada de Athena que se impõe a Justiça.

Athena carrega, no peitoral de sua armadura a cabeça de Medusa, a rainha das Górgonas.
As Górgonas são três irmãs (Medusa, a dominadora; Euríale, a errante e Esteno, a violenta) que simbolizam os inimigos interiores que temos de evitar. São deformações monstruosas da psique nascidas do desvirtuar de três pulsões humanas: sociabilidade (Esteno), sexualidade (Euríale) e espiritualidade (Medusa). Como a perversão espiritual prevalece sobre as outras, Medusa é conhecida como rainha das Górgonas.
A perversão da pulsão espiritual, por excelência, é a vaidade (imaginação exaltada em relação a si mesma) que é simbolizada pela serpente. Em Medusa, inúmeras serpentes coroam sua cabeça.
No frontispício do templo de Apollo (irmão de Athena), deus da harmonia, lêem-se as palavras que resumem toda a verdade oculta dos mitos: “conhece-te a ti mesmo”. A única condição do conhecimento de si mesmo é a confissão das intenções ocultas, que, por serem culpáveis, são habitualmente maquiadas pela vaidade (por uma justiça falsa, pois sem mérito, infundada). A inscrição reveladora significa, portanto: desmascara tua falsa razão, ou, o que dá no mesmo, aniquila tua vaidade. Faz-se necessário a clarividência em relação a si mesmo, o inverso do ofuscamento vaidoso e petrificante.
Ver Medusa significa: reconhecer a vaidade culposa, perceber a nu suas falsas razões, suas intenções ocultas, o que ninguém consegue confessar a si mesmo, da qual ninguém suporta a visão.
A cabeça da Medusa foi presente do herói Perseu, a quem a deusa Athena auxiliou em combate emprestando-o seu escudo, para que não a encarasse de frente e ficasse estagnado. O escudo reluzente de Athena, ao refletir a imagem verídica das coisas e dos seres, permite conhecer a si mesmo: é o espelho da verdade. Neste escudo, o homem se vê tal como é, e não como gosta de imaginar ser.
Athena é a deusa da combatividade espiritual (as três manifestações da elevação espiritual são a verdade, a beleza e a bondade). A sapiência, o amor pela verdade é a condição para ascender ao conhecimento de si e, em conseqüência, para adentrar na harmonia (Apollo).
Para derrotar a Medusa, foi necessário que o herói a surpreendesse enquanto dormia pois o homem somente é lúcido e apto ao combate espiritual quando a exaltação de sua vaidade não está desperta. Arma muito cobiçada, mesmo morta, a cabeça da Medusa continuou mantendo seu poder de petrificar quem a encarasse de frente.
Contra a culpabilidade advinda da exaltação vaidosa dos desejos, não há senão um único meio de salvaguarda: realizar a justa medida, a harmonia.
A deusa, símbolo da combatividade que inspira o amor à verdade, convida os mortais a reconhecerem-se em Medusa, incitando-os à luta contra a mentira essencial, a mentira subconscientemente desejada, o recalcamento, as falsas razões. A cabeça cortada prova que a Medusa não é invencível.
Antes de merecer o apoio de Athena, todo mortal deve encarar o símbolo da decadência espiritual (a vaidade). Somente assim têm-se certeza de que sua reivindicação não oculta outra intenção, ou seja, não é capricho, teimosia. Ante a imagem da Medusa, quem busca a deusa clamando por justiça tem somente duas possibilidades: contar com sua proteção (vitória certa), se já passou pela prova da Medusa, ou imobilizar-se no pânico e petrificar-se.

A coruja de Athenas

As aves, por serem consideradas os seres mais próximos dos deuses, foram, conforme suas características e atribuições, associadas a eles. A soberana águia acompanhava o poderoso Zeus, o imponente pavão, sua consorte e protetora dos amores legítimos: a deusa Hera. À atenta coruja coube a companhia da sábia Athena.
Vemos a imagem da coruja, símbolo de uma vigilância constantemente alerta, nas mais antigas moedas atenienses. A coruja, em grego gláuks “brilhante, cintilante”, enxerga nas trevas. Um dos epítetos de Athena é “a de olhos gláucos” (esverdeados).
Em latim é Noctua, “ave da noite”. Noturna, relacionada com a lua, a coruja incorpora o oposto solar. Observem que Atena é irmã de Apollo (Sol). É símbolo da reflexão, do conhecimento racional aliado ao intuitivo que permite dominar as trevas. Apesar de haver uma forte associação desta ave à escuridão e a sentimentos tenebrosos, o que é natural a um ser noturno, o fato de ela ter sido (devido a suas específicas características) atribuída à deusa Athena também a tornou símbolo do conhecimento e da sabedoria para muitos povos.
A coruja é uma excelente conhecedora dos segredos da noite. Enquanto os homens dormem, ela fica acordada, de olhos arregalados, banhada pelos raios da sua inspiradora Lua. Vigiando os cemitérios ou atenta aos cochichos no breu, essa ambaixadora das trevas sabe tudo o que se passa, tendo-se tornado em muitas culturas uma profunda e poderosa conhecedora do oculto.
Eis a ave da deusa da Sabedoria e da Justiça: atenta coruja, cujo pescoço gira 360º, possuidora de olhos luminosos que, como Zeus, enxergam “O todo”. Devido a todos esses atributos, a Coruja simboliza também a Filosofia, os Professores e nossa proposta de Conhecimentos Sem Fronteiras: integrar todas as formas de conhecimento com o olhar para O Todo.
( autor desconhecido)

"A Felicidade de uma razão perfeita"

O homem feliz, insisto, é aquele que nenhuma circunstância inferioriza; que permanece no cume sem outro apoio além de si mesmo, pois quem se sustenta com o auxílio dos outros está sujeito a cair. Se assim não fosse, começariam a ter ascendente sobre nós coisas que nos são exteriores. Haverá alguém que deseje estar na dependência da fortuna? Qual o homem de bom senso que se envaidece do que lhe não pertence? A felicidade não é mais do que a segurança e a tranquilidade permanentes. Quem no-las proporciona é a grandeza de alma, bem como a constante perseverança na correcção das nossas ideias. Os meios de atingir este estado estão na plena consideração da verdade; em observarmos sempre nas nossas acções a ordem, a moderação, a moralidade, a inocência e a benevolência de uma vontade sempre atenta à razão, nunca desta se apartando, digna ao mesmo tempo de amor e de admiração. Resumamos tudo isto numa fórmula sintética: a alma do sábio deve ser tal qual a que conviria a um deus! Que mais pode desejar um homem que alcançou a perfeição moral? Repara: se a plenitude do homem pode de algum modo ser favorecida por elementos à margem da moralidade, então a felicidade dependerá desses elementos sem os quais não pode passar. Há coisa mais abjecta e estúpida do que fazer depender de elementos irracionais o bem próprio da alma racional?

Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

Poema - Cazuza e Frejat

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
De um tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço, um consolo
Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim
De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos ou anos atrás...

terça-feira, 1 de abril de 2008

O Tempo Torna Tudo Irreal
O tempo, propriamente dito, não existe (excepto o presente como limite), e, no entanto, estamos submetidos a ele. É esta a nossa condição. Estamos submetidos ao que não existe. Quer se trate da duração passivamente sofrida - dor física, esperança, desgosto, remorso, medo -, quer do tempo organizado - ordem, método, necessidade -, nos dois casos, aquilo a que estamos submetidos, não existe. Estamos, realmente, presos por correntes irreais. O tempo, irreal, cobre todas as coisas e até nós mesmos, de irrealidade.

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'
A Chave do Desejo
Todos os desejos são contraditórios como o do alimento. Gostaria que aquele que amo me amasse. Mas se ele me for totalmente dedicado, deixa de existir, e eu deixo de o amar. E enquanto não me for totalmente dedicado, não me amará o suficiente. Fome e saciedade. O desejo é mau e ilusório, mas, no entanto, sem o desejo não esquadrinharíamos o verdadeiro absoluto, o verdadeiro ilimitado. É preciso ter passado por isto. Infelizes os seres a quem o cansaço subtrai esta energia suplementar que é a fonte do desejo. Infeliz, também, aquele a quem o desejo cega. É preciso arrastar o desejo até ao eixo dos pólos.

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'