terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Sapere Aude !!!

A Época do Esclarecimento
O filósofo alêmao Immanuel Kant define esclarecimento (Aufklärung) como a saída do homem da sua menoridade. Ele compreendia o período em que vivia como uma época de crítica.Tanto a religião, a política quanto à própria razão deviam se submeter ao livre e público exame, pois a todos os homens deve ser dado o direito de fazer uso do seu entendimento, de se esclarecer. Devemos compreender este esclarecimento como o momento em que ao homem é dada a possibilidade de se considerar livre, longe de toda e qualquer coerção, seja ela civil ou religiosa, pois só assim, abandonado a si mesmo e tendo a possibilidade de fazer uso do seu próprio entendimento ele pode desenvolver sua razão vindo a tornar –se um ser autônomo e esclarecido. A importância do livre pensar e da busca pela autonomia não é simplesmente defendida por Kant por se revelarem atitudes mais dignas de um pensador imerso no iluminismo, mas integra um projeto muito mais amplo, um projeto sobre o qual se ergue toda a sua filosofia pratica, e consiste, portanto em pressupostos básicos para o homem atingir sua maioridade e conseqüentemente atribuir a razão a o seu papel de legisladora, possibilitando assim ao homem a capacidade de se compreender como ser moral.
A época da maioridade, "do impulso para procriar e da capacidade de procriar", afirma Kant: "Foi fixada pela natureza na idade aproximada de 16 a 17 anos, idade em que o adolescente se torna, no estado primitivo da natureza, literalmente homem", neste período ele tem a capacidade de procriar, de se manter e suprir todas as necessidades advindas da sua espécie.Tais disposições não foram dadas ao homem em vista de um estado organizado, mas sim "em vista da conservação de espécie como espécie animal" Assim, torna-se inevitável à existência de conflitos entre tais disposições e no estado de civilização, conflitos estes que segundo Kant só podem ser solucionados em uma constituição civil perfeita, que possibilite a coexistência de todos os arbítrios e a liberdade de todos os seus cidadãos, "pois atualmente este intervalo é preenchido em geral, por vícios que tem como conseqüência a miséria humana sob todas as suas formas". Somente quando é concedida ao homem a possibilidade de fazer uso do seu próprio entendimento, de refletir e bem julgar suas ações, compreendendo o uso da sua razão, ele passa a compreender não apenas os limites desta, mas também as suas possibilidades. É este esclarecimento que caracteriza o refinamento da sua capacidade de julgar e de refletir imprescindível ao homem para que se torne um dia, ainda que daqui a um número considerado de gerações, o "homem especial" exigido pela filosofia pura.
Maíra Motta em 20/02/2007