quarta-feira, 12 de março de 2008

Pablo Neruda

"Gosto de ti quando calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, e minha voz não te toca.
Parece que teus olhos saltaram
e parece que um beijo fechara a tua boca.
Como todas as coisas estão cheias de minh'alma
emerges das coisas cheia de alma, a minha.
Borboleta de sonho, tu pareces com minh'alma,
como pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estas como distante.
E estas como a queixar-te, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e minha voz não te alcança:
permite que eu me cale com teu silêncio agudo.
Permite que eu te fale tambem com o teu silêncio claro
como uma lampada e simples como um elo.
Tu és como a noite, calada e constelada.
Teu silencio é de estrela, afastado e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se estivesses morta.
Uma palavra, então, um sorriso são o bastante.
E fico alegre, alegre porque a verdade é outra."

Pablo Neruda

Nenhum comentário: